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sábado, 3 de maio de 2008

A ESPANHA E O PAÍS BASCO


Em 1959, ano de fundação do ETA – Euskadi Ta Oskatasuna – que significa Pátria Basca e Liberdade. O grupo separatista , fundado em 1958, luta pela formação de uma entidade independente no País Basco. Um militante da organização e pescador de profissão disse a um jornalista americano: "somos o único país da Terra cujas fronteiras não são divisões geográficas nem políticas, mas vogais e consoantes."Os bascos têm mais de cinco mil anos de história. A sua origem é desconhecida, mas sabe-se que defenderam a sua independência contra romanos godos e visigodos, na Antigüidade e Idade Média. A língua basca (euskera) parece sequer pertencer ao tronco indo-europeu, fonte do latim e das demais línguas ocidentais. Hoje existem cerca de quinhentos mil bascos habitando quatro províncias espanholas - Vizcaya, Guipúscoa, Alava e Navarra - e três francesas - Labourd, Baixa Navarre e Soule.

A Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) colocou um ponto final na efêmera II República (1931 – 1936), instalou a ditadura do general Francisco Franco e cortou no nascedouro as leis de autonomia da maioria nacional basca.A ditadura franquista (1939 –1975) foi, antes de tudo, um regime extremamente centralizador. Toda e qualquer manifestação autônoma das comunidades regionais sofria dura repressão.

A língua basca foi proibida e o seu ensino constituía ato de subversão. O uso das cores brancas, verde e vermelha, da bandeira basca, era duramente punido. Em 1966, o ETA partiu para a ação armada e para a ação política. A ação armada mais retumbante do ETA ocorreu em 1973, quando um comando da organização fez explodir o carro que transportava o primeiro-ministro franquista Luís Carrero Blanco, matando-o em plena zona urbana de Madri. Durante o longo período franquista, o separatismo basco, sem espaço de expressão política, teve que se manifestar por meio da luta armada e do terrorismo. Nesseperíodo negro, a luta basca acabou sendo uma das manifestações da luta contra a ditadura.A morte de Franco, em 1975, abriu um processo de decomposição da ditadura e de reformas democratizantes conduzidas pelo rei Juan Carlos de Bourbon.Em 1977, todos os partidos foram legalizados e realizaram-se eleições gerais em toda a Espanha.No País Basco, o nacionalismo se expressou por meio de três partidos diferentes:o conservador Partido Nacionalista Basco (PNV), representante das classes médias e altas das províncias bascas; o Herri Batasuna, representação parlamentar e pública do ETA; e o Euzkadiko Ezkerra, partido esquerdista, mas não adepto da luta armada.

Entre 1977 e 1979, o PNV firmava-se como o maior partido das províncias bascas, enquanto Herri Batasuna e uzkadiko Ezkerra conseguiam, em conjunto, mais de um quarto dos votos.Desde 1974, o ETA estava dividida em duas correntes: ETA Político-Militar, que rejeitava o terrorismo, e a ETA Militar, que fazia da luta armada e do terrorismo os meios mais importantes para a conquista da autonomia basca. É nesta época que o ETA–M entrava em contato com o IRA, com a OLP e com os governos da Líbia, Argélia e Iêmem do Norte, convertendo-se numa das mais importantes organizações terroristas européias. Dessas ligações entre organizaçõesarmadas e governos do Oriente Médio e norte da África surgiu a teoria da Internacional do Terror, já que alguns autores passam a defender a idéia de que o euroterrorismo consistia num fenômeno único, entrelaçado e organizado em nível internacional.

Em 1979, no contexto das reformas democratizantes do rei Juan Carlos e de seu primeiro- ministro Adolfo Suarez, eram aprovados em referendos os estatutos de autonomia basca, previstos na Constituição promulgada um ano antes. A região ganhava órgãos de governo próprio e eram suspensas todas as restrições à divulgação da cultura dessa minoria nacional. As datas nacionais bascas passavam a ser livremente comemoradas e em muitas escolas o euskera voltava a ser ensinado.

Na década de 90, o acordo de paz na Irlanda do Norte e a acirrada reprovação popular à campanha de atentados promovida pelo ETA levam o grupo ao maior isolamento de sua história. Um cessar-fogo, anunciado em setembro de 1998, é aceito com desconfiança pelo poder central. A trégua dura até novembro de 1999, quando o grupo retoma os ataques terroristas, acusando o governo de intransigência por não realizar um referendo sobre a independência da região e não transferir centenas de militantes do grupo para uma prisão no País Basco.

O período de trégua dos anos 90 é descaracterizado pelos atentados atribuídos ao ETA quando, em 2000, matam aproximadamente 23 pessoas, incluindo o presidente da Seção Militar da Suprema Corte, general José Francisco Guerol, em Madri, e o ex-ministro Socialista da Saúde e Defesa do Consumidor, Ernest Lluch e Martin, em Barcelona. Como Lluch e Martin era favoráveis à negociação com o ETA, o assassinato é visto como uma rejeição do grupo a novas conversações de paz. Mais de 1 milhão de pessoas saem às ruas de Barcelona para protestar.O repúdio ao terrorismo se manifesta na eleição legislativa local, ocorrida em maio de 2001.

Leia o texto e responda:

1- O que significa ETA?
2- Pelo que luta o ETA?
3- Pode-se afirmar que as fronteiras do país Basco não são geográficas e nem políticas? Quais são elas?
4- Qual a língua falada no país Basco?
5- Quais foram as proibições franquistas em relação a comunidade basca?
6- Quais as duas correntes do ETA e o que cada uma delas defendia?
7- O período de trégua dos anos 90 é descaracterizado por atentados atribuídos ao ETA em 2000. Qual a reação da população em relação a esses atentados?
8- Quais são as províncias espanholas e francesas habitadas por cerca de 500 mil bascos?
9- Que fatos levaram o ETA ao maior isolamento da história nos anos 90?